Resultado agregado de 2018 é o melhor dos últimos cinco anos, mostra Consolidado Abrapp

Publicado por: Adm.JSANTOS - 08/04/2019 07:30

 

O resultado agregado do sistema de Previdência Complementar Fechado referente ao ano encerrado em dezembro de 2018 é o melhor desde 2013, mostra o Consolidado da Abrapp. O indicador aponta que o saldo entre o déficit total de R$ 29,3 bilhões e o superávit de todos os planos de benefícios administrados pelas associadas, que fechou em R$ 26,5 bilhões no ano passado, é de apenas R$ 2,8 bilhões negativos. O resultado  registrou forte melhoria nos últimos dois anos, saindo de R$ 53,5 bilhões negativos em 2016 para R$ 13,4 bilhões negativos, em 2017, até chegar ao nível atual (ver gráfico acima).

O Diretor de Investimentos da Previ, Marcus Moreira de Almeida, que ocupa também a posição de Secretário Geral da Comissão Técnica de Investimentos da Abrapp, explica que diferentemente do que apontavam algumas análises que os déficits registrados em 2015 e 2016 tinham caráter estrutural, o bom desempenho do biênio 2017-2018 trouxe esse resultado agregado para um patamar muito reduzido. “A recuperação no valor dos ativos em nosso mercado nos últimos dois anos demonstra que a situação negativa vivida anteriormente tinha um cunho conjuntural, que foi motivada em grande medida pela recessão econômica vivida pelo Brasil”, diz o Diretor da Previ.

A redução do déficit e aumento do superávit em 2018 são explicados, em grande parte, pela rentabilidade alcançada pelas entidades. O retorno médio dos ativos das associadas da Abrapp marcou 12,30%, bem acima da Taxa de Juros Padrão, que ficou em 10,14% (leia mais). Os ativos totais alcançaram a marca de R$ 900 bilhões, com uma concentração de 18,5% em renda variável – ante 17,7% ao ano anterior. “A despeito da volatilidade apresentada em 2018, notadamente pela greve dos caminhoneiros em maio e pelo processo eleitoral no 2º semestre, sem dúvida houve uma forte apreciação no preço dos ativos sobretudo no último trimestre diante da expectativa de uma agenda reformista do novo governo eleito”, lembra Marcus Moreira.

No ano passado, o Ibovespa subiu 15% e as NTN-Bs de maior duração marcadas a mercado (que compõem o IMA-B 5+) se valorizaram 15,38% no acumulado de 2018. Além disso, houve valorização de outros ativos de renda fixa e a melhora no setor imobiliário com redução de vacância, contribuindo para que o retorno médio das entidades superasse as metas atuariais da maioria dos planos.

“Além da valorização da Bolsa, outro fator que contribuiu para a superação das metas atuariais foi a abertura das taxas dos títulos públicos provocada pela alta volatilidade do processo eleitoral. Isso contribuiu para que as entidades aproveitassem as oportunidades nesse mercado”, comenta Guilherme Velloso Leão, Diretor Executivo da Abrapp. O dirigente explica ainda que os resultados positivos foram mais favorecidos nos casos de entidades que buscaram ampliar a exposição a ativos de maior risco em especial, de renda variável.

O Diretor Institucional da Mercer, Antônio Gazzoni, traz alguns outros indicadores que reforçam o equilíbrio do sistema, como por exemplo, o índice de solvência dos planos que alcançou 0,98 no final de 2018 – equivalente a 98%. “É realmente um índice de solvência invejável bem acima dos sistemas de previdência de outros países. Além dísso, o índice de liquidez, que mostra a capacidade em honrar compromissos com o pagamento de benefícios, também é muito favorável”, aponta Gazzoni. O índice de liquidez ampla, segundo dados da Previc, mostra que o sistema possui 2 vezes mais recursos líquidos para pagar benefícios nos próximos cinco anos.

Alertas – Apesar do cenário mais positivo e otimista, o Diretor da Mercer não deixa de apontar algumas preocupações para a manutenção do equilíbrio do sistema. “Há atualmente três pontos de alerta: o aumento da longevidade, a redução da taxa real de juros e o risco judicial”, diz Gazzoni. Neste sentido, o especialista recomenda maior diversificação das alocações, saindo gradualmente da alta concentração em renda fixa. O risco judicial, segundo ele, refere-se às ações contra as entidades para suspender aportes para o equacionamento de déficits anteriores.

O Diretor da Abrapp, Guilherme Leão, também aponta a necessidade de maior diversificação das carteiras das entidades, caso a aprovação da agenda de reformas do novo governo se confirme. Em todo caso, o dirigente acredita que 2019 deve se tornar o terceiro ano de resultados acima das metas para o sistema, o que certamente contribuirá para que o resultado agregado melhore ainda mais.

Confira o Consolidado (Dez/18) na próxima edição da Revista da Previdência Complementar Fechada.

FONTE: ABRAPP