Investidores da Bolsa pisam no freio após embate entre Bolsonaro e Maia

Publicado por: Adm.JSANTOS - 25/03/2019 09:52

Exterior também piora, mas ainda não afeta ganho do ano, que depende da Previdência

briga política travada entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já custa caro a investidores: 7.000 pontos do Ibovespa, o principal índice do mercado acionário brasileiro, em apenas três dias. E o posicionamento do pequeno investidor por manter, vender ou comprar ações daqui para frente dependerá da revisão das próprias expectativas sobre a viabilidade da reforma da Previdência após a turbulência política.

“A situação da reforma é muito mais frágil do que o mercado imaginava. A piora foi muito rápida”, afirma Victor Candido, economista-chefe da Guide Investimentos.

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“A realidade não era o que a gente estava vendo no começo da semana [passada]”, acrescenta Michael Viriato, professor de finanças do Insper.

Antes de despencar do recorde de quase 100 mil pontos para os atuais 93 mil, investidores tinham a sensação de que a Bolsa brasileira iria em uma linha reta de valorização, avalia Viriato. O ganho do ano, porém, não está completamente perdido. A queda entre quarta (20) e sexta-feira (22) foi de 5,9%, mas desde o início de 2019 o índice Ibovespa ainda acumula ganho de 6,7%.

Viriato se considera entre o grupo de conservadores e projeta que o Ibovespa poderá terminar o ano ao redor de 110 mil pontos. Representaria uma valorização de 25% no ano e de 17% ante o fechamento de sexta, mas é preciso que a reforma saia.

Projeções otimistas chegaram a apontar o Ibovespa em 140 mil pontos em dezembro.

“Esse é o momento de fazer posição. Ninguém ganha dinheiro em dia bonito. Quem comprou na segunda [quando a Bolsa bateu pela primeira vez os 100 mil pontos] perdeu dinheiro”, afirma Candido.

Fazer posição, no jargão do mercado, é comprar ou vender um ativo baseado em suas expectativas futuras.

Resumindo: quem acredita que a reforma passará poderia comprar ações, enquanto o investidor pessimista após a crise deveria vendê-las. Isso seguindo a avaliação majoritária do mercado de que apenas as novas regras para aposentadoria serão capazes de fazer a economia crescer.



Fonte:  FOLHA DE SÃO PAULO